quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Diamante de sangue





Serra Leoa, final da década de 90. O país está em plena guerra civil, com conflitos constantes entre o governo e a Força Unida Revolucionária (FUR). Quando uma tropa da FUR invade uma aldeia da etnia Mende, o pescador Solomon Vandy (Djimon Hounson) é separado de sua família, que consegue fugir. Solomon é levado a um campo de mineração de diamantes, onde é obrigado a trabalhar. Lá ele encontra um diamante cor-de-rosa, que tem cerca de 100 quilates. Solomon consegue escondê-lo em um pedaço de pano e o enterra, mas é descoberto por um integrante da FUR. Neste exato momento ocorre um ataque do governo, que faz com que Solomon e vários dos presentes sejam presos. Ao chegar na cadeia lá está Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um ex-mercenário nascido no Zimbábue que se dedica a contrabandear diamantes para a Libéria, de onde são vendidos a grandes corporações. Danny ouve um integrante da FUR acusar Solomon de ter escondido o diamante e se interessa pela história. Ao deixar a prisão Danny faz com que Solomon também saia, propondo-lhe um trato: que ele mostre onde o diamante está escondido, em troca de ajuda para que possa encontrar sua família. Solomon não acredita em Danny mas, sem saída, aceita o acordo.



Diamante de Sangue revela a crueldade da guerra civil em Serra Leoa, como a civilização branca explora as riquezas dos países africanos e fortalece a relação entre cinema e história


Há uma verdade a ser dita, prioritariamente sobre ´Diamante de Sangue´: a guerra civil em Serra Leoa se encerrou em 2002, após 11 anos de conflito que matou 30 mil pessoas e deixou um imenso contingente de deficientes físicos. O país acaba de vivenciar as eleições livres cujos números indicam a reeleição do presidente Ahmed Tejan Kabbah, eleito em 1996, deposto no ano seguinte e reempossado em 1998. Serra Leoa conseguiu a liberdade em 1961, e de lá até 1996, ocorreram seis golpes militares e três tentativas frustradas de derrubar o governo. Com Ahmed o país se tornou uma república presidencialista.

´Diamante de Sangue´ ambienta-se durante a fase crucial da guerra, em 1999, quando os rebeldes faziam ofensivas contra a população civil, arrasavam cidades, matavam mulheres e velhos, enviavam os homens para as minas e seqüestravam os meninos para servirem como soldados, processo este que passava pelo processo de lavagem cerebral.



Edward Zwyck, 57, realizou ´Diamantes de Sangue´ com o intuito de expor as conseqüências do contrabando das pedras preciosas nos países africanos em guerra - dinheiro este que financia a compra de armas pelas milícias e grupos rebeldes e já impôs a morte de três milhões de africanos - e a transformação de crianças em soldados. Mas não são apenas estes os problemas do povo africano. Há o contrabando de armas e da madeira ensangüentada´, assim como o diamante, igualmente utilizadas para o financiamento da guerra.

Há outros fatores trágicos na África. Os números da devastação soam inacreditáveis: 20 milhões de pessoas eliminadas pelas armas leves e de baixo calibre - 80% das vítimas, mulheres e crianças - e cerca de 20,4 milhões pelo vírus da Aids - afora os 25 milhões de infectados que, segundo as estimativas dos órgãos de saúde internacionais, irão morrer até 2010. É um flagelo assustador e sem precedentes históricos que se completa com a aplicação de bilhões e bilhões de dólares pela comunidade internacional para minimizar as graves deficiências, e que são, em sua grande parte, desviados por governos e funcionários corruptos, conforme acusa o economista queniano James Shikwati, o qual chegou a apelar para que os países e grupos humanitários deixem de ajudar, com dinheiro, os africanos.
O filme serviu, já, para chamar a atenção da comunidade internacional para a questão dos ´diamantes de sangue´. Entidades e empresas já vieram a público para formalizar critérios da procedência e compra, a confiabilidade da comercialização e a orientar como o comprador deve proceder quanto a compra do produto.
Vale a pena conferir ...


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