sábado, 31 de outubro de 2009

Recados de um anjo


Imagina que só restam 135 dias de vida pelo diagnóstico de um câncer cerebral. Imagina que dia após dia você vai perdendo a sensibilidade da cada parte de seu corpo ainda mantendo a lucidez. Agora imagina que só tem 6 anos de idade. Que faria o resto de seus dias? Elena Desserich decidiu esconder em segredo por toda sua casa, centenas de notas, mensagens e desenhos para "falar" com sua irmã menor e seus pais após a morte. Faleceu em 2007. Ainda hoje seus pais descobrem novos desenhos. Incrível.




Elena Desserich nasceu em 2000. Sua vida era absolutamente normal até que, com cinco anos, os médicos detectaram um glioma do tronco encefálico infantil e estimaram que a pequena teria no máximo uma esperança de vida de 135 dias. No início seus pais ocultaram o diagnóstico de Elena, mas com o passar do tempo e sabendo que a deterioração física era constante, falaram para a filha.

Com o carinho de seus pais Elena foi entendendo que, cada dia que passava, era um presente divino, motivo pelo qual criou uma lista de todas as coisas que queria e podia fazer ainda: nadar com golfinhos, fazer esqui aquático, conduzir um carro... Um dia, um desejo...



Com o passar do tempo ia perdendo sensibilidade e a mobilidade em diferentes partes de seu corpo, incluindo a fala, e as atividades mais físicas de sua lista de desejos passavam a um segundo plano. Suas mãos foram as últimas em desobedecer seu maltratado cérebro; então dedicou-se a pintar e a pintar... e a escrever. Sua paixão foi sempre estimulada por seus pais.

Elena começou a desenhar e escrever pequenas cartinhas para sua irmã menor, Gracie e depois para o pai e a mãe. Tudo isso meditado na solidão do doente que sabe que vai morrer, mas que decide, com apenas 6 anos, construir um baú de emoções futuras para velar o carinho eterno de sua família.

Os últimos nove meses de vida -ao final sobreviveu 255 dias- dedicou-se a buscar os esconderijos perfeitos para suas mensagens pessoais. Para seu pai em uma antiga carteira de bolso; para sua mãe em um bolso perdido de sua mochila favorita... para sua irmã em cantos do quarto de brinquedos. Mas também buscou esconderijos imprevistos para que o "diálogo" fosse surpreendente: fundos de pratos da esquecida louça chinesa, páginas de livros abandonados na estante, uma caixinha de um CD antigo, etc...




Elena morreu em agosto de 2007. Não sem dantes cumprir seu último desejo. Poder dançar com seu pai. No último dia, com a lucidez de um cientista preso no cárcere de um corpo morto, pai e filha fundiram-se em um formoso momento:

- "Tivemos a nossa dança e sempre será a última e provavelmente a melhor lembrança que guarde dela. ainda que tinha muitas outras coisas que ela queria fazer nesse último dia." diz Keith Desserich, pai de Elena

Depois de sua morte e conforme passava o tempo, a memória de suas indeléveis lembranças ia cristalizando. Até que Elena voltou:

- "Estávamos movendo umas caixas esquecidas e entre alguns dos livros caiu uma pequena nota... a cada vez que encontro e leio uma de suas mensagens é como sentir um pequeno abraço de minha pequena." Brooke Desserich, mãe de Elena.

Seus pais editaram um livro com todos os desenhos e bilhetes encontrados até hoje, cujos valores totais arrecadados com a venda serão destinados à luta contra o câncer infantil. Você pode comprá-lo neste link :





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